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No alto da inspiração

Júnior Grings

Enquanto a nicotina embriagava meus pulmões, comecei a imaginar algumas bobagens tão imbecis quanto o meu vício, brigando com o teclado tentava escrever algo útil, para postar no blog, que mesmo sendo fulero, merece um bom tempo da minha atenção. A milonga, que tocava ao fundo, dava o ritmo às tragadas intermináveis no filtro já amassado pela voracidade do meu tabagismo.

Olhando a bagunça da minha mesa, procurava algo qualquer para me colocar no foco do que eu deveria escrever. Veio à minha imaginação, uma pergunta que começou a bater como um sino. O que eu deveria escrever? Há dias, não conseguia me atinar para nada. Tentei até pedir algumas sugestões a alguns amigos, entretanto, nada me chamava atenção. O trabalho realmente estava me consumindo nos últimos dias.

Isso, no fundo me incomodava, mais do que o normal. Notava que a irritação já resvalava às pessoas que me rodeavam. Mas, o teclado continuava pesado. Todas as frases que manchavam a imensidão branca do monitor não tinham fim. E, ao tempo de cada tragueada do cigarro, a ebulição da crise vinha à tona. Estava começando a me convencer de parar com tudo, e buscar alguma besteira para encher minha cabeça.

Todavia, as besteiras e bobagens já estavam impregnadas no meu pensamento e na marrenta fumaça da minha sala. Algo em mim ainda relutava por algumas linhas nexas de um pensamento sóbrio. Não sabia como, e nem donde, buscaria inspiração para vencer meu marasmo intelectual. O teclado parecia querer fugir dos meus dedos.

No alto na minha conivência com tudo que se passava em minha cabeça, como nos contos de fadas, um estalo surge do fundo do escuro túnel das minhas idéias. A luz toma conta dos meus pensamentos. Enfim, parto para ação, ascendo o terceiro cigarro, desligo o computador e desisto de escrever.

Justiça

Júnior Grings


Há poucos dias atrás, enquanto dois amigos conversavam sobre a justiça brasileira, eu ouvia atentamente. Observei que a indignação com a impunidade de alguns políticos era notória, eles não conseguiam achar explicação lógica para alguns fatos e escândalos que estavam ganhando a mídia naqueles dias. Em um determinado momento, notaram meu silêncio e me indagaram sobre o assunto. Titubeei por um momento, mas, enfim, por mais assombrosa que fosse minha resposta eu não poderia fugir dela.

Não queria absolver ninguém, tampouco estava menos indignado, todavia não poderia atirar pedras na justiça da mesma maneira, pelo menos, não no mesmo ponto-de-vista. Antes que a justiça seja omissa que injusta. A justiça não pode errar, ou cometer injustiças, é melhor deixar de punir cem culpados, do que punir um inocente. E é justamente assim que vemos o Poder Judiciário lidar com todas as acusações que pairam sobre os políticos da república.

A minha indignação, é justamente por essa ótica, quando não se trata de pessoas com certa notoriedade, parece que a justiça não tem essa mesma preocupação. Em boa parte das vezes, o judiciário parece não conter o ímpeto de fazer justiça, e acaba em alguns casos cometendo erros. E como muitas dessas pessoas não têm seu caso com certa ênfase pública, fica por isso mesmo.

A simplicidade do amor

Júnior Grings

Como sorriso de criança ganhando sorvete em domingo à tarde, posso desenhar a simplicidade do amor em minha embriagada mente. Como o amor, algo que em sua essência é simples, pode emaranhar nossas idéias, e por vezes até desvirtuar nossos conceitos de certo e errado.

Muitas pessoas dizem que é muito mais fácil amar, do que explicar o amor. Disso não posso duvidar. Todavia, a questão não é essa. Não quero falar de amar, mas, sim, de amor. O amor é simples. Não pode ser diferente: em sua simplicidade, ele encanta. Entretanto, simplificar as coisas é que é complicado.

Precisamos de combustíveis para qualquer sentimento. Com o amor não é diferente. Geralmente, as pessoas nunca erram nos ingredientes. Mas, sim, nas quantidades. Com sobrecargas de ímpeto e desejo, colocamos o objeto de adoração num degrau acima de nós mesmos. O problema é justamente esse, colocamos o amor em um lugar inalcançável, e damos a vida para alcançá-lo.

Só podemos amar aquilo que faz parte de nós mesmos. Se o objeto amado está apenas em nossa cabeça, só podemos amá-lo lá. Vejo que essa é a grande dificuldade das pessoas ao amarem: elas desenham o amado de tal forma, que ele nunca será realmente assim. Então, poderá ser amado apenas nos sonhos. É com esse pensamento que afirmo: o amor é algo essencialmente simples. O emaranhado de dificuldades é posto por nós mesmos.