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Dialética do conhecimento (versão simplificada)

Júnior Grings, de Horizontina

No meu projeto literário da adolescência, livro que intitulei de Os Olhos do Mundo – certamente, não está publicado –, eu já ensaiava meus primeiros passos sobre esse tema. Na época, não tinha nenhum conhecimento filosófico - não que eu tenha algum hoje -, mas os percalços da universidade me ensinaram algumas coisas. Os leitores que acompanham minhas intervenções aqui no Blog provavelmente já devem ter cruzados os olhos por algo nesse sentido, falo dos pré-conceitos que temos estabelecidos em nossa mente.

Não consigo imaginar que possamos emitir qualquer juízo daquilo ao qual não tenhamos o mínimo conhecimento. Só podemos imaginar aquilo que de alguma forma conhecemos. Logo, o que não conhecemos, simplesmente, não faz parte da nossa gama de pensamentos. Antes de prosseguir, quero deixar claro que conhecemos as coisas não só de maneira empírica, mas também de maneira racional dedutiva.

O que de fato nos leva a tirar impressões ou idéias das coisas é a relação que temos com a coisa ou com o que se assemelha ou a lembre. Nossa primeira impressão sempre é pautada por aquilo que imaginamos, e nunca no que realmente cabe. Não que via de regra sempre teremos um pré-conceito diferente da realidade, mas será sempre prematuro emitir conceitos acabados, ou pelo menos bem fundamentados sobre algo em nosso primeiro contato.

Porém, para aprimorar nossos juízos, precisamos romper esse pré-conceito. Temos a necessidade de colocar de lado – se isso for realmente possível – nossas impressões da coisa. Somos movidos por julgamentos, estabelecemos todos os nossos relacionamentos com base nos resultados de nossos juízos. Por isso não podemos evoluir relação alguma sem rompermos, na medida em que vamos nos relacionando e aprimorando nossos conhecimentos sobre algo.

Não é o acaso que nos aproxima das coisas e das pessoas, mas sim, nossos pré-conceitos, do mesmo modo que ele nos afasta das mesmas. Conviver é emitir e derrubar juízos, um exercício diário que, muitas vezes, parece estar longe da prática das pessoas.

Paralelo 30

Júnior Grings

Andei meio afastado do Capeta nos últimos dias. “Andei” pressupõe que não estarei afastado nos próximos dias. Todavia, essa é uma certeza que não tenho. Meu afastamento aconteceu por motivos profissionais, exponenciados pela faculdade e por outras atividades paralelas. Sempre me detive a várias atividades, mas nunca dei conta de uma só plenamente. Isso já faz parte de mim. Mas O Blog realmente merece mais atenção.

Na semana passada, acabei indo até a capital dos gaúchos, minhas estadas em Porto Alegre sempre são peculiares. Posso passar poucas horas, mas sempre passarei por situações inusitadas. Curioso.

Grandes centros urbanos mechem sensivelmente com a minha pisque. Sou um típico cidadão interiorano, mas não é esse o problema. Nunca tive problemas desse tipo em nenhuma outra cidade do país. O Problema é justamente a cidade. Não que eu não goste da capital do meu Estado, pelo contrário sou um grande admirador dos seus encantos.

Bueno, como diria o gaúcho, vamos aos fatos: estava eu na Avenida Érico Veríssimo, bem próximo do prédio do Zero Hora. Terminando o cigarro, para tocar o interfone de um prédio, quando um sujeito me aborda e começa um longo discurso. A conjugação verbal e a imponência contextual do cara erra espetacular, só não conseguia saber do que se tratava o assunto. Ele não parava de falar, aumentava o tom da voz gradativamente, chamava a atenção de todos que iam passando por ali naquele começo de manhã. Qualquer outra pessoa teria passado batido pelo cara, mas eu não. Titubiei uma indagação, no entanto não tive oportunidade de fazê-la, quando dei por mim meu amigo relâmpago meu apertou a mão e disse: “Quanto mais veados pelo mundo, mais mulher para nós dois”. E saiu, fiquei com a mão estendida, petrificado com várias pessoas desconhecidas me olhando. Isso não deveria importar, mas como sou um cidadão interiorano fiquei envergonhado e disse para mim mesmo: é... estou em Porto Alegre.